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P*** q** o p****!

 

di BARBARA SZANIECKI

As eleições presidenciais iniciaram de modo convencional com os partidos políticos tratando de contratar reputados profissionais de marketing para cuidar das campanhas de seus candidatos nos tradicionais meios de comunicação. Todavia, duas novidades se faziam notar. A primeira era a presença de duas mulheres concorrendo à Presidência do Brasil. Desde o início, a campanha de Dilma foi marcada pela tentativa por parte dos marqueteiros de transformá-la em uma “moça bem-comportada” nos moldes burgueses descritos por Simone de Beauvoir em suas memórias: como se vestir, como se maquiar, como sorrir para a imprensa. Também sob holofotes, Marina realizava uma mistura de estampas e adereços ousados com coques e saiões pudicos. Já Serra se mantinha burocraticamente cinza da cabeça aos pés. A segunda novidade com relação às eleições presidenciáveis anteriores fora o uso das ditas “redes sociais”, onde por “redes sociais” entende-se não somente a ferramenta tecnológica agregadora de conteúdos mas, sobretudo, o agenciamento social agregador de desejos. Todos os candidatos tinham um site de campanha oficial na internet, mas sabiam que era preciso ir além (aprendizado da campanha de Obama nos EUA). Quem, de cara, melhor entendeu a necessidade dessa mobilização foi Marina Silva ao dar sinal verde ao “Movimento Marina Silva”, talvez pelo fato de participar de um partido (PV) menos consolidado do que os dois outros concorrentes (PT e PSDB). Segundo indicação do site do movimento, a divisão de tarefas, por assim dizer, se dava da seguinte forma: enquanto o movimento cuidava da “metodologia e facilitação”, o partido garantia a “estrutura”. Contudo, o incentivo a uma participação mais autônoma dos cidadãos na campanha se deu, por exemplo, com as Casas de Marina. Enquanto isso, a rede social de apoio a Dilma Roussef apostava todas suas cartas nas ferramentas tecnológicas convidando-nos a criar hiper-mega-superlinks. A campanha de Serra na rede, como ficaremos sabendo mais tarde, embrenhou-se por caminhos sombrios.

Somos todos Dilma!

Esse era o quadro geral quando, em meados de agosto, a revista Época/Organizações Globo  lançou matéria de capa com o título: “O passado de Dilma – documentos inéditos revelam uma história que ela não gosta de lembrar: seu papel na luta armada contra o regime militar.” Apesar do enorme esforço despendido nas linhas e entrelinhas e apesar das fotos que supostamente atestavam a verdade dos fatos, a matéria não conseguia comprovar a relação direta da candidata à Presidência da República com atos armados. E ainda que fosse comprovada sua participação em tais atos, não se trataria de resistência contra um poder que se impôs ele próprio com atos armados da maior violência? Hoje, a verdade do poder da ditadura se atualiza dramaticamente por meio da grande mídia quando requenta a tensão da Guerra Fria e explora o medo em todas as suas variações. Ao lançar em sua capa uma foto de Dilma quando presa nos anos 70 – uma jovem que, como tantos outros, acalentava o sonho de transformação de uma sociedade brasileira extremamente desigual por meio da revolução – a revista Época não podia imaginar que as suspeitas que lançava sobre Dilma seriam subvertidas em motivo de orgulho. Internautas se apropriaram de uma imagem do ilustrador Sattu que se encontrava na parte interna da revista e inverteram a acusação “Dilma terrorista” na afirmação de uma “Dilma guerreira”. Houve por parte dos leitores e eleitores uma percepção e recepção absolutamente positiva da característica “guerreira” atribuída negativamente à Dilma pela revista. Ao produzir camisetas e carregar tal imagem no peito, havia como que uma incorporação das qualidades combativas da candidata. Antropofagia política. Na internet, além da subversão (da acusação infame de “terrorista” em afirmação potente de “lutadora”) e incorporação desse valores por parte do movimento pró-Dilma, houve uma contaminação virótica que se manifestou na multiplicação dessa imagem de Dilma como avatar nas redes sociais (Twitter, Facebook, Orkut, etc.). Essa multiplicação homogênea do retrato de Dilma na internet era bastante perturbadora pois tornava impossível reconhecer, nas redes sociais de cada um, o rosto dos amigos, dos “seguidores” e “seguidos” (followers e following) por conta da substituição pela imagem de Dilma. Ainda dominava, nessa relação entre o retrato original e a sua reprodução uniforme na rede, o paradigma da política moderna segundo o qual “o corpo do rei representa a nação inteira”.

Essa expressão visual de uma percepção de que, pelas nossas pequenas e grandes lutas do cotidiano, “somos todos um pouco Dilma” marcou o primeiro turno. Ressoava ali também a lembrança de outra mulher importante, não da luta armada e sim da contracultura carioca, que foi Leila Diniz. “Toda mulher é meio Leila Diniz” cantou anos depois Rita Lee na música “Todas as Mulheres do Mundo” (também filme de Domingos de Oliveira de 1966). A praia, com sua revolução comportamental regada a amor livre e muito palavrão, era naqueles tempos a única ágora possível quando a praça era calada nos porões. Leila Diniz não pegou em armas mas desafiava os militares com a língua que afiava no Pasquim. Chocava a sociedade conservadora com sua atitude transgressora na explícita abordagem do falo na sua fala. O que diria hoje a desbocada Leila diante da reação da tradicional família brasileira frente aos avanços dos direitos da mulher e dos homossexuais entre outras “minorias”, temas que já constavam no PNDH3[1] tão combatido? No mínimo, um sonoro que m***** é essa? A reação conservadora foi muito bem trabalhada pela oposição e pela mídia ao passar a idéia de que “nosso” governo teria como estigma “uma crise moral” e que a eleição de Dilma a reforçaria. Fala sério! Quanto mais a mídia desqualificava moralmente Lula e Dilma, mais os qualificava politicamente. Se Leila Diniz é, até hoje, o ícone da revolução comportamental dos anos 60/70, Dilma Roussef representa os avanços a serem realizados nesse novo século. E eis que, no meio da hipocrisia dos costumes, do obscurantismo religioso, do vazio da oposição e da mídia – uma aliança que impedia qualquer debate mais profundo –, o “Somos todos Dilma” se transformou no segundo turno em “Dilma é muitos”.

Dilma é muitos!

As palavras de baixo calão de Leila pareciam ser a única maneira de sair da sinuca em que se encontrava Dilma com relação à questão do aborto. P***! O gozo pleno da vida e a expressão escrachada da liberdade: quando o materialismo com seus processos e o idealismo com seus projetos se contaminam reciprocamente, abre-se uma brecha para potentes trocas entre governantes e governados. A grande mídia tinha se amparado das entrevistas dadas à Folha de São Paulo onde Dilma defendia a descriminalização do aborto (10/2007) e à Marie Claire/Organizações Globo onde o tratava como escolha de foro íntimo e questão de saúde pública, e não caso de polícia (04/2009). Mesmo quando, de fato, pouco importava o que achava sobre o aborto visto que não lhe cabia decidir nada sobre o assunto, Dilma parecia “encurralada” pela própria forma da política de representação constituída pela união das máquinas do partido e do marketing. O uso do aborto numa eleição presidencial onde uma mulher era candidata (tendo sido uma outra mulher, Marina, eliminada no primeiro turno) apontava apenas o mesmo preconceito de sempre contra o uso livre que as mulheres – essas bruxas que menstruam, ovulam, copulam, gozam, engravidam, parem e amamentam… ou abortam! – fazem dos seus corpos e mentes. Tornava-se urgente ir além do paradigma da política moderna da representação com a incorporação por parte de Dilma das forças dos movimentos sociais. Foi então que alguns editores da revista GLOBAL/Brasil[2] da Universidade Nômade decidiram participar do movimento pró-Dilma lançando um blog de apoio à candidata do PT. Nascia, no segundo turno, o www.dilmaehmuitos.com.br. A idéia geral era de fazer do blog a nossa praça e a nossa praia incitando simplesmente as pessoas a responder à pergunta: porque voto em Dilma? Capturar as forças dos movimentos das ruas para as redes. A adesão à proposta foi imediata. Contudo, se colaborações sob forma de textos surgiram rapidamente de todos os lados com vigor, as imagens se limitavam aos visuais do marketing oficial e da grande mídia que, por sinal, se refletem tristemente. Ora, se o verbo é o centro da razão ocidental – centro que como veremos mais adiante, segundo Donna Haraway, é masculino, branco e capitalista – a imagem (a imago estaria para o logos como a mulher para o homem: agente de feitiçaria) me pareceu, nesse momento, uma arma a ser mais explorada.

Nessa mesma ocasião, a Universidade Nômade organizava um debate sobre o tema “O devir-mulher do mundo” com Anayansi Brenes, Leonora Corsini, Márcia Aran e Vanessa Santos do Canto. Ao decorrer do debate, ficaram evidentes as tensões entre o feminismo histórico que procurava a construção identitária de um “ser mulher” (que, em alguns momentos empaca numa visão essencialista com o objetivo de afirmar seus direitos) e as perspectivas mais contemporâneas que provocam deslocamentos das fronteiras entre o feminino e o masculino (Leonora abordou a carne queer da multidão, enquanto Márcia apresentou intersexualidade, transexualidade e travestilidade, entre outras sexualidades por vir). A esses aspectos muito específicos de sexualidades tidas como monstruosas se somou a relação da mulher com o espaço público. Historicamente, a mulher que frequenta o espaço público em pé de igualdade com os homens é a prostituta (a puta, como afirma Gabriela Leite da Daspu com orgulho), ou então, uma provocadora de confusão: arruaceira! Vanessa lembrou da relação do homem branco (do senhor de engenho de outrora ao patrão de hoje) e da mulher negra. E lembrou em particular que, no movimento feminista, as mulheres negras eram consideradas quizombeiras (se refere então a um vídeo onde duas moradoras de favela defendem suas casas e suas famílias frente à destruição operada pela Prefeitura do Rio de Janeiro: “Vão derrubar a casa do Eduardo Paes” no blog do Coletivo A-Cidade: http://twurl.nl/5wuvtm) sem maiores considerações sobre sua difícil condição. À resistência sexual soma-se a social e racial. Não é de hoje que o poder chama de baderneiros aqueles que resistem à ordem no espaço público. Faz todo sentido aqui a “des-ordem” que causa a luta da mulher pela ocupação do espaço político de maior relevância do país: o da presidência do Brasil. É como se desafiasse a ordem “natural” das coisas. A subversão da acusação “Dilma terrorista” na afirmação de “Dilmas guerreiras” fazia cada vez mais sentido…

Foi então que “baixou” a Angela Davis, militante americana dos movimentos feminista e negro tais como o Panteras Negras dos anos 70. Angela encantava com seu cabelo black power e foi cantada pelos Rolling Stones (Sweet Black Angel) e por John Lennon e Yoko Ono (Angela), mas Ângela, sobretudo, não tinha papas na língua: Dilma Black Power! Em seguida, foi desenhada a DilmaGirl. Paulo Reis, fã de Dilma, já ficara conhecido como DilmaBoy por manifestar seu apoio à candidata através de uma paródia de um vídeo de Lady Gaga (Telephone) que virou hit na internet. Agora era a vez da Dilma Girl (com seu baseado no canto dos lábios: até os amigos quiseram censurar dizendo que não era o momento de se falar no assunto. Qual seria o momento então?): através dessa imagem, Dilma era identificada com as lutas LGBT por seus direitos e por sua vez a comunidade LGBT se identificava nas lutas de Dilma pela democratização do país. Nesse divertido jogo de reflexos não se tratava, portanto, de essência identitária de natureza alguma – identidade feminina ou masculina, heterossexual ou homossexual: quando gay vira identidade pode ser tão “quadrado” quanto o straight, enquanto o queer indica uma possível linha de fuga – e sim de identificações absolutamente táticas para a batalha eleitoral e para o que vem depois. Assim como foi de natureza tática Lula atribuir a Dilma o papel de “mãe do PAC”. Mas, se alguém aí está precisando de colinho de mãe, é melhor não contar com Dilma porque ela vai estar nas brigas de rua. A brincadeira de briga ficou melhor ainda quando uma garotada começou a fazer suas “dilmas”[3], em total clima Tropicalista, e enviou ao blog. Surgiram Dilmas da cultura pop dos quadrinhos, dos desenhos animados e da ficção científica: Dilma Marge Simpson, Dilma South Park, Dilmafalda, Dilma Jedi, Dilma Princesa Leia e Dilma Spock (na mesma reportagem da revista Época que mencionamos, uma companheira de cadeia, Márcia, dizia que “Dilma brincava com uma expressão do Dr. Spock, quando surgia uma proposta considerada estapafúrdia: ‘Esta é uma questão de raciocínio lógico!’”). Uma outra série importante foi a da imagem de Dilma associada às religiões: mais uma vez, não se tratava de opor uma identidade religiosa a outra, e sim de afirmar a tolerância entre todas. Ou melhor ainda, afirmar o nosso sincretismo: religiosidades contra a Religião. Frente ao obscurantismo que procurava amordaçá-la, Dilma precisava afirmar o laicismo do Estado brasileiro dentro de um quadro de livre expressão religiosa (e, de fato, ela confirmou esta posição em seu discurso de vitória). Também foi importante a chegada da Dilma Viva Palestina apoiando com sua kefia a política multilateral do governo Lula nos últimos tempos; da Dilma Maria Bonita pra botar pra correr quem não vê que os nordestinos, com seu trabalho e sua cultura, enriquecem o Brasil; da Dilma Che Guevara com boina estrelada que, não apenas trazia novamente à vida o imaginário dos jovens que nos anos 70 desejaram a transformação da sociedade brasileira, como assinalava que ainda hoje velhas e novas gerações temos heróis e heroínas. Eles (a oposição) não! Ainda ouvimos, em nossos sonhos, a famosa frase do Che: “é preciso endurecer sem perder a ternura jamais”. Na pressa, me esqueci de colorir a boca de Dilma de vermelho…

Ao estabelecer uma brincadeira entre os governados e da futura governante, essas identificações estratégicas (e não identidades essencialistas) abalaram as fronteiras da representação. Aconteceu uma dupla incorporação (ou incorporação de mão dupla): nós incorporamos a qualidade batalhadora da nossa candidata ao governo da nação e ela, candidata, incorporou as nossas. A impressão de totalização em uma nação ou de homogeneização em uma massa da fase “Somos todos Dilma” (primeiro turno) sumiu! Surgiu de forma visível e colorida, na fase “Dilma é muitos” (segundo turno), uma articulação de singularidades em um comum (mesmo que um comum efêmero, ou seja, cuja duração é a de um turno eleitoral). Emergiu momentaneamente uma política da multiplicidade mais do que da representatividade (infelizmente, é política de curta duração: no evento do Circo Voador no Rio de Janeiro apoiado pela revista GLOBAL/Brasil e rede Universidade Nômade com suas “Dilmas”, a praia-praça se reduziu rapidamente a um palco onde os representantes do poder disputaram um fálico microfone, completamente alienados de nós, pobres representados que acabávamos de elegê-los), uma política que acontece mais pela captura aberta nas redes – a possibilidade simultânea de “comer e ser comido” em uma festiva ciber-antropofagia – do que pela organização do partido coerente e puro, e portanto uma política que afirma novas subjetivações também, com suas contradições e impurezas. Esse modo de subjetivação que recorre à hybris é, pois, monstruoso. E, de fato, os monstros estão correndo e comendo soltos na internet! Na cibercultura, existe uma figura de monstro muito presente que é a do Cyborg lançado pela Donna Haraway em seu manifesto. O Cyborg é “uma imagem condensada da imaginação e da realidade material reunidas, e esta união estrutura toda possibilidade de transformação histórica”. Aqui, hoje – Brasil, século XXI – essas condições estão reunidas. Haraway considera a política (e as ciências, a nossa Academia!) como fundada na tradição da dominação masculina, racista e capitalista, na tradição do progresso e na tradição da apropriação da natureza como recurso para as produções da cultura. Todas essas tradições seriam fundadas, por sua vez, na delimitação de fronteiras (em particular aquela entre organismo e máquina) nos territórios da produção, da reprodução e da imaginação. E, portanto, seu manifesto é “um apelo pelo prazer a ser obtido na confusão das fronteiras e pela responsabilidade a ser assumida na sua construção”. Foi esse construtivismo infinitesimal e acontecimental que assumimos em nossa ação pró-Dilma, mantendo-nos abertos ao sabor dos encontros e dos afetos que despertam. No dia 31 de outubro de 2010, foi todo um devir-mulher do Brasil que se expressou com a multidão gritando no melhor estilão Dilma e na maior alegria “eu, eu, eu, o S—- se f****!”

Nota:

As palavras P*** q** o p****, m*****, P***! e se f****! Correspondem a palavras de baixo calão que fazem referência à contra-cultura escrachada do Rio de Janeiro dos anos 60/70. Vocês podem traduzir ou optar por não fazê-lo. Elas correspondem a: puta que pariu; merda; porra; se fudeu.


[1] PNDH3: Plano Nacional de Direitos Humanos lançado pelo Governo Federal (pelo Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva e pelo Ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi.

[2] Sob incitação de Fábio Malini e apoio de Luciano Frizzera.

[3] A série completa se encontra no blog www.dilmaehmuitos.com.br. Contribuíram com imagens: Barbara Szaniecki (Dilma Black Power, DilmaGirl, DilmaBrás e Dilma Che Guevara); Bruna Brum (Dilma South Park); Bruno Vianna (Dilmafalda); Francisco Mendes (Dilma Jedi); Luciana Brício (Dilma Simpson); Luiza Estrella (Dilma Spock); Sâmia Pedraça Dilma Marge Simpson, Dilma judia, Dilma católica, Dilma viva Palestina, Dilma Princesa Leia, Dilma das Arábias e Dilma Maria Bonita); Wilbor (Dilmãe de Santo).

 

 

 

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